O Jornal Portugal Democrático faz agora parte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Voz da resistência dos portugueses exilados contra a ditadura fascista em Portugal, o "Portugal Democrático" foi também uma ponte de ligação entre dois povos irmãos.
O
Centro Cultural 25 de Abril de São Paulo, Brasil, acaba de doar ao
Arquivo Nacional da Torre do Tombo a colecção completa em 3 volumes
do jornal "Portugal Democrático", periódico de oposição à
ditadura fascista, que foi publicado desde 7 de Junho de 1956 até 4
de Março de 1975. O "Portugal Democrático", fundado por um
núcleo de portugueses exilados no Brasil, muitos deles membros do
PCP assumiu-se desde a primeira hora como um testemunho da luta pela
Democracia, a Independência das Colónias, pelo fim do isolamento em
que Portugal se encontrava, pelo Progresso, pela Paz.
O Acto de Doação feito por uma delegação composta por Ildefonso Garcia, Presidente do Centro Cultural, Domingos Abrantes, José Cavaco e Júlio Filipe, e foi recebida pelo Director Geral da Direcção Geral de Arquivos, Silvestre de Almeida Lacerda e realizou-se no Salão Nobre da Torre do Tombo. Entre o Centro Cultural 25 de Abril e a Torre do Tombo foi assinado um protocolo, no qual se afirma que "a importância histórica e cultural dos editoriais, artigos e notícias que integram a Edição Completa, e que testemunham a luta dos emigrados portugueses no Brasil à ditadura portuguesa, justifica a intenção do Centro Cultural transferir para o Estado Português a propriedade do mesmo, através de doação" (...) "O Arquivo Nacional da Torre do Tombo compromete-se a descrever/inventariar a Edição Completa", isto é, o "Portugal Democrático" irá ficar disponível para consulta, directamente no Arquivo Nacional ou através da Internet.
"Nas suas páginas o jornal contou com um corpo de colaboradores de elevado nível intelectual, reunidos em torno da figura tutelar de João Sarmento Pimentel, como foram Adolfo Casais Monteiro e Fernando Lemos, e ainda Jorge de Sena, Carlos Maria de Araújo, Joaquim Barradas de Carvalho, Miguel Urbano Rodrigues, Paulo de Castro, Victor Ramos, Alfredo Masson...E foi uma porta aberta para o diálogo fértil com os intelectuais brasileiros entre os quais se destacaram Álvaro Lins, Fernando Sabino, Gustavo Corção, Rúben Braga."
Documento histórico, que deixou de ser editado em 1975, o "Portugal Democrático" continua vivo através do Centro Cultural 25 de Abril de São Paulo - Brasil, com a mesma luta pelos direitos constitucionais das Comunidades Portuguesas espalhadas pelo Mundo.
Lisboa, 18 de Maio de 2012