Eleições CCP: limitações ao exercício dos direitos cívicos em França e na Alemanha
A deputada do PCP, Ilda Figueiredo, questionou através do Parlamento Europeu a Comissão da União Europeia sobre a evidente discriminação que atinge os portugueses, nas eleições para o Conselho das Comunidades que se realizam no próximo domingo, dia 20 de Abril. Os entraves à constituição de mesas de voto, num acto eleitoral com estas características, é, a nosso ver, inadmissível. No entanto, este é apenas um exemplo dos muitos entraves a este processo eleitoral que tem deparado com muitas deficiências devido à falta de empenhamento e interesse da parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Umas eleições que o MNE convoca com um ano de atraso e, mesmo assim, todo o processo tem decorrido com muito amadorismo como se estas fossem as primeiras eleições. A total ausência de informação sobre as eleições na RTPi é também um sinal de que o Governo continua a desvalorizar o CCP e a não estar interessado na participação dos emigrantes neste acto eleitoral. Caberá aos emigrantes demonstrar no próximo domingo, através do voto, o quanto o Conselho é importante.
PERGUNTA DA DEPUTADA ILDA FIGUEIREDO NO PARLAMENTO EUROPEU
No
próximo domingo, dia 20 de Abril, realizam-se as eleições
para o Conselho das Comunidades Portuguesas. São
eleições em que participam todos os portugueses que
estão inscritos nos consulados. O voto é no consulado
mas a lei portuguesa prevê que possa haver mesas de voto a
funcionar nas sedes das associações que se candidatem
para esse efeito e disponham de condições para o
exercício do acto com dignidade.
Acontece que em França
e na Alemanha as entidades oficiais portuguesas disseram que não
é possível pôr a funcionar mesas de voto fora dos
consulados porque as respectivas autoridades nacionais (França
e Alemanha) não autorizam, o que não parece correcto
dado que se está a falar de eleições que não
são para órgãos para exercer o poder político,
mas sim para um órgão consultivo do Governo
português para as políticas de emigração.
- A Embaixada de Portugal na Alemanha comunicou que não
podia desdobrar uma mesa de voto (pedida pela Associação
Portuguesa de Bona e aceite pela respectiva comissão
eleitoral) porque o Governo Alemão não aceitava. Mas
entretanto, e depois de muita insistência, a Embaixada
disse que, excepcionalmente, o Governo alemão aceitou a
abertura desta mesa de voto (nas eleições em 2003 ela
também funcionou).
- Em França, foi o consulado
de Portugal de Marselha que não aceitou o desdobramento de uma
mesa de voto (em Canes) com o mesmo argumento, mas aqui nada deixa
prever que haja alterações.
Assim, solicito à
Comissão Europeia que me informe do seguinte:
-
Tem conhecimento desta situação, que configura uma discriminação da parte da Alemanha e da França e se traduz numa clara limitação do exercício de um direito cívico por parte de cidadãos de um Estado-Membro da União Europeia?
-
Considera possível ainda encontrar uma solução para o próximo dia 20 de Abril, em França?